Fatos e Fotos

Baú de Relíquias - A bola não pára

Prefácio

Não tenho coragem de rever certos lugares que encantaram minha infância, depois que não encontrei a laje do Pesseguirinho em que me batizei na irmandade dos rios. Sumiu debaixo de uma caixa de concreto. Me proíbo de tristezas irremediáveis. Me contentam as cenas felizes do filme da memória e uma linhada de vez em quando em algum barranco sombreado.

Me devia, com juros e correção monetária, resposta a uma pergunta muito íntima. Será que outro menino ou rapazinho via o que eu via, nas jogadas, nas torcidas, nas rivalidades, enfim, no cenário mágico em que a bola rolava? Gravei para sempre, partidas, jogadores, jogadas, euforia e desolação, campinhos à beira do mato, potreiros, como sendo o único expectador daquelas cenas inesquecíveis. A bem da verdade, sempre me achei meio esquisitão nas minhas lembranças.

Descubro, aliviado, que mais alguém via o que eu via, flagrava detalhes despercebidos e se interessava pelos lances extracampo com influência no resultado das partidas. Somos dois, com a diferença que ele botou no papel e eu me tranquei no mundinho saudosista. Morro de inveja.

Atem os cintos e viajem anos-luz a Santa Rosa daqueles tempos ao mesmo tempo primitivos e avançados no convívio social de uma cidadezinha de crescimento vertiginoso.

Ele é João Jayme Araujo, que todos da minha geração admiravam como atleta e pessoa e hoje elogiam como cidadão. Co-piloto na narração, seu irmão Paulinho, protagonista de outras tantas histórias e defesas milagrosas, enriquecendo os causos folclóricos.

É um livro sobre futebol, melhor sobre a história do futebol em Santa Rosa. Alguém tinha que contar essas coisas antes de caírem no esquecimento. Ótima terapia também para esquisitões voltarem a se achar normais.

Carlos Alberto Kolecza

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