Fatos e Fotos

Baú de Relíquias - A bola não pára

Centroavante em Pele De Gato

Dia 15 de novembro, de um ano em que a memória não me socorre, estava, com minha mulher, em Santana do Livramento, almoçando, no restaurante do Hotel Brasil-Uruguai, quando chegam Perigoso, Mineiro, Caieira... E mais alguns.

O Paladino, no dia anterior, um domingo, tinha disputado uma pugna futebolística (como se dizia, então) em Quaraí, jogo duríssimo, pelo estadual de amadores. Em Livramento, iriam assistir, à tarde, uma disputa pela 2ª. Divisão (hoje, Série B) do Estadual, entre o Grêmio Santanense (que veste vermelho) e um Clube de Santa Cruz do Sul, parece-me que o Avenida.

Caieira estava interessado por um centro-avante (Vilmar) ainda não profissionalizado, que subira das bases e iria estrear no time da capital do fumo.

Incorporei-me à delegação de paladinenses para ver o atleta e, em segundo plano, o jogo.

O centro-avante prometia, era bom mesmo. Despontava no timinho de Santa Cruz. Caieira, após o jogo, foi falar com ele, acertando, de logo, sua transferência para Santa Rosa, ajustando inclusive os pagamentos de “luvas” (amadorismo marrom, como diriam as más línguas do Juventus e do Aliança).

Na volta do jogo, deparo-me com Leonor encantada ante uma vitrina, cujos manequins exibiam peles e uma “maravilhosa”, de gato montês suíço, legítima, mercadoria que, hoje, só se vê em Montevideo.

Leonor, à minha presença, atreveu-se, entrou e indagou o preço. Como não era ela que iria pagar, achou uma barbada, “teria que comprar de olhos fechados” (e guaiaca aberta).

Ponderei que precisava tempo para pensar. No dia seguinte, pela manhã, daria a resposta. No café da manhã, aparece-me Caieira, com um poncho de bichará recém comprado no El Bagual e expôs-me a situação:

– Doutor, tamos mal. O centro-avante só irá com nóis se receber as luvas, agora, no sufragrante... E vou le confessar: não tenho a grana toda... Não se assuste, mas falta muito...

– Cuê, pucha! Caieira... Isso é quase o preço do passe de Ivo Diogo, que agora foi para o Grêmio.

– Não podemo perder, doutor. Me dá um cheque e lá, em Santa Rosa, nóis acerta com o pessoal, cada um dá um pouco, e ta feito o carreto.

Não titubeei, quero dizer, titubiei, mas cedi, passei o cheque, justo quando Leonor chegava à mesa.

– Bom dia. Negócios a essa hora da manhã?

Caieira, solicitamente, esclareceu:

– , teríamos perdido o craque... Esse é craque, le asseguro!

Leonor, até hoje, está usando as raposas e lontras de sempre, peles de muitos invernos. Gato montês suíço, nem pensar. Vilmar jogou onze meses no Paladino e, depois, foi para o Criciuma, S. Catarina... E nunca mais ouvi falar dele, tampouco de meu dinheiro. Como disse meu cunhado, Charles, também centro-avante do Paladino, de antanho, “um centro-avante, vale mais que um casacão. Ora se vale! Relevando a auto-afirmação, tem razão (embora Leonor deva discordar).


(Os escritos que te enviei não são passíveis de inveracidade. Confere no Centro Espírita com Monte Alvar, Zifa Soares, W. Santana, "Velho", P. Comaru, Francisco Delmar, Gildo Russowski (esse "causo" o Falcão, por minha pena, publicou em Zero Hora), e o próprio Caieira e Dona Elvira. Não dou só mortos por testemunhas, Paulo Madeira, Paulo Araújo, Joel Bragança e outros vivos, neste plano astral, confirmam.) – (Paulo Heitor Fernandes – PhF)

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