Caieira estava jogando conversa fora com o Waldemar Santana, Joel Bragança, Paulo Madeira, Chassis Torto e outros habituês do Café Central, quando chega Silas, o carteiro, com um telegrama:
– Quem é Arthur da Silva Ribas?
– Sou eu, seu criado.
– Estive em sua casa e Da. Elvira disse que o encontraria por aqui...
– E cá estou, para le servir.
– Tenho um telegrama para o senhor.
Caieira tomou o telegrama e apelou:
– Quem é que tem caneta, aí? Passa recibo para o moço.
Joel, prontamente, assinou e devolveu o recibo para o carteiro.
Caieira, sem ler, botou o telegrama no bolso da camisa e dirigindo-se ao carteiro:
– Obrigado, moço.
À noite, no programa de esportes, da ZYZ-2, Caieira, entrevistado por Paulo Araújo, explica:
– Hoje, à tarde, recenzinha, recebi um telegrama de Plínio.
– Ué! O Plínio não está concentrado?
– Não. Foi ver a mamãe dele que está adoentada, lá por Catuípe. Não sei se é grave, mas ele telegrafou para dizer que está medindo todos os esforços para vir jogar...
– O Sr. está contando com ele?
– Claro, por que não? Ele é titular, chegará e vai jogar.
– Mas o Sr. não teme que ele possa estar abalado psicologicamente e, então, não renderá com qualidade?
– Bom, eu escalo... Se jogar bem ou mal é com ele... Eu lavo as mãos como César.
– É, César também lavava as mãos - concluiu, com sapiência e espírito, Paulo Araújo.